Mais acessibilidade no Enem

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De 2017 para 2018, o número de estudantes com algum tipo de deficiência matriculados em universidades por meio das cotas cresceu 70%, de acordo com o Censo Superior da Educação. Apesar do aumento, eles representavam apenas 0,52% do total de alunos em 2018. 

Uma das razões dessa pequena porcentagem é a falta de acessibilidade no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), a principal porta de entrada para o Ensino Superior no Brasil, que levou alguns anos para se tornar mais inclusivo. Segundo Camilla Varella, advogada que atua no direito das pessoas com autismo e outras deficiências, é fundamental que o Enem se torne mais inclusivo. “Batalhamos muito pela inclusão escolar e não adianta ter essa batalha e colocar uma barreira tremenda na reta final, na hora de subir no pódio”, diz. 

Em 2000, dois anos após a criação do Enem, foi garantido o atendimento especializado para 376 candidatos com necessidades especiais, Desde então, para evitar que o formato da prova se torne uma barreira para participantes com deficiência, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pela prova, oferece, além do exame convencional, três outros formatos: Prova em Braille; Prova Ampliada, impressa com fonte de tamanho 24 e imagens aumentadas para facilitar a leitura de pessoas com deficiência visual; e Prova do Ledor, que conta com o apoio de um profissional ledor e contém adaptações nos textos e descrições das imagens da prova convencional. Além disso, disponibiliza auxílio para leitura e transcrição e oferece tradutor e intérprete em LIBRAS. 

Em 2017, participantes surdos e pessoas com deficiências auditivas tiveram mais acesso à prova com a inclusão das videoprovas em LIBRAS, modalidade direcionada à comunidade surda que tem LIBRAS como primeira língua. Em 2018, a inclusão aumentou com a Plataforma Enem em LIBRAS, onde os estudantes podem ver exemplos de provas (e seus gabaritos), como se já estivessem realizando o Enem, o que permite um maior preparo.

Neste ano, houve mais um avanço em acessibilidade. O Enem disponibilizou leitores de tela para participantes com cegueira, surdocegueira, baixa visão ou visão monocular, além de três guias-intérpretes para atender o participante surdo-cego. Autistas e surdos-cegos terão banca especial para correção das provas, e o candidato que escrever a redação em braille terá sua prova corrigida no Sistema Braille.

“A maior acessibilidade do Enem reflete esse caminho que estamos traçando nos últimos 30 anos para entender que as pessoas com deficiência têm de ser olhadas pelas suas individualidades, e o sistema precisa se adaptar a elas”, afirma Camilla Varella. 

O resultado da acessibilidade é o aumento do número de candidatos com algum tipo de deficiência. De 2019 para 2020, o número de inscrições de pessoas com necessidades especiais subiu de 33,029 para 52.598. Essas mudanças no Enem são uma grande conquista. Que seja só mais um passo pela inclusão de todos!

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